olhares

 

Focando a retina naqueles com quem diariamente me cruzo

Que consigo eu ver?

Vejo seres humanos,

Alguns deles de vestes luxuosas, exibindo bens materiais, títulos académicos. Pessoas gradas.

Outros simples, sem grandes aparatos visuais, circunscritos ao que a vida lhes ensinou.

Despindo a vista do supérfluo e do acessório

Consigo ver para mais além... Atónita constato que no fundo,

Todos nós somos esqueletos vaidosos,

E em alguma altura da vida nos comparamos a outros "esqueletos"

Esquecendo que temos como handicap

A nossa condição humana A mortalidade

Que no seu páramo nos Reduz o corpo a pó

E nos liberta a alma.

Valerá por isso a pena

O nosso olhar de superior Ou de inferior

Em relação ao nosso próximo?

Não seria mais justo Olharmos todos na mesma direcção?

***
[escrito em dezembro de 2001]