retalhos de estrelas

Hoje acordei com um texto do Fulano de Thal, que me fez recuar ao tempo da minha meninice.
Quando era pequenina vivia com a Dona Hermânia.
Uma senhora que fazia os melhores pastéis de molho da Covilhã e universo.
Dormíamos juntas num sótão com uma entrada direta para as estrelas através de uma claraboia.
Quando ia dormir pedia sempre para me contar uma história (estória).
Um conto.
E de tão cansada que estaria a minha avó dizia sempre: "mas queres que te o diga ou que te o conte?"
Desconfio que aquela lengalenga, não passaria de mera retórica, que permitia dilatar no tempo a minha expectativa para saber onde o coelho branco da estória anterior teria perdido o relógio.
E aquelas reticências e aquele prolongar no tempo uma noite dando continuidade a outras, era como quem remenda retalhos de estrelas.
Fazia tanto sentido.
🙂 Saudades de alguém me dizer isso