a jeito



Vivemos na era do "Puseste-te a jeito"

Puseste-te a jeito para ser violada.

Porque usas saias curtas e decotes ousados.

Puseste-te a jeito para ser assediada porque és sexy e dizes coisas que perturbam

Perturbam o suficiente para intuir que te puseste a jeito.

Puseste-te a jeito para receberes mensagens obscenas.

Porque és boazona. Logo.... estás a pedi-las.

Puseste-te a jeito porque dizes o que pensas numa sociedade onde a corrupção, o crime e a promiscuidade se praticam pela calada,

Todos sabem mas ninguém quer saber.

E tu és ingénua, logo, puseste-te a jeito para seres enganada por todos . Todos.

Puseste-te a jeito. Quem te manda seres parva?

Todos os dias, há alguém que se põe a jeito

E isso acontece, porque na verdade, dá jeito.

Dá jeito para haver um motivo para se ser canalha

Dá jeito haver um motivo para ser fdp

Dá jeito culpar os outros da miséria humana em que tantos se tornam.

Sou culpada.

Tenho-me posto a jeito.

Mas não é a mim que devem culpar.

Não é a mim.

Porque continuarei a ser quem sou

Ponho-me a jeito de ser Eu.

E disso, não me consigo sentir culpada.

um dia é nunca mais


A minha ida à farmácia hoje fervilhou em mim (novamente) mil pensamentos.

A minha mente não me dá sossego e parece que o meu cérebro é uma espécie de AC/DC reprimido.... all day long

Já pararam para pensar qual será a vossa última compra?

O vosso último abraço

A última vez que vão dizer Amo-te a quem amam?

Nunca o saberemos não é?

A última compra do meu pai foi uma espécie de bomba que o ajudaria a respirar quando voltasse para casa.

Foi na farmácia

Juntamente com outros medicamentos

Como quem compra esperança

A esperança de ficar bom. De voltar para casa.

Nunca chegaram a ser abertos nenhum dos medicamentos

Foram por mim doados a uma instituição.

E hoje vos digo, como gostaria que assim não fosse

Como gostaria de nunca dizer Adeus

E um dia sei, que será a última vez que vos escrevo

mais disponível


Mais uma dia cheio de aspirações pessoais e inspirações também.

Hoje, último dia de entrega dos IVAS, cheguei à bela conclusão que detestaria ter uma amiga como Eu própria.

Sempre a dizer-vos que não a tudo.

Sempre a dizer-vos que fica para amanhã o nosso almoço prometido desde antes do confinamento

Sempre a falar-vos de Amor e do mundo dos unicórnios, que sabendo que não existe, gostava tanto que fosse real.

Sempre a tentar salvar o mundo quando nem o meu consigo salvar.

Que rica amiga vos saiu na rifa.

Felizmente e para compensar, tenho-vos na minha vida.

Não fiquem tristes comigo quando vos digo que não.

Não deixo de gostar de vocês por isso.

Não é mesmo isso.

Nem fiquem tristes quando não respondo de forma efusiva a algo.

É que nem sempre consigo fingir estar feliz.

É outro dos motivos que não gostaria de ter uma amiga como eu.

Não sei muito bem mentir.

Então prefiro o silêncio.

Mas depois de hoje estou mais disponível,

Vamos lá a isto.

E tenham um dia bom

Não deixem de me colocar na vossa lista.

Aquela dos amigos que ainda vale a pena perder um minuto

deves e haveres



Ando um bocado revoltada

E sei. Já não tenho idade para manter expectativas e fasquias altas em relação à maioria da humanidade.

Afinal de contas, a estatística é uma ciência exacta, por muito que não o pareça.

É baseada na matemática não é?

E não obstante conhecer tão bem a teoria, e a balança dos deves e dos haveres, continuo a manter a fasquia onde acho que a devo manter:

Na linha da retidão de uns para com os outros.

E até acho que nem espero muito.

Fui conhecendo tanta gente.

Na verdade, conheço tanta gente

Poucas figuras principais da minha vida, mas tantos figurantes.

E entre os que passam e os que ficam, é nessa linha que prendo hoje o meu pensamento.

Conheci tanta gente prepotente.

Que do alto da sua boa aparência física e/ou financeira, olham o mundo com a sobranceria de quem se acha superior, melhor, e a rainha má que constantemente questiona o espelho, se há alguém mais bonito do que eu.

E há.

Como alguém se pode julgar bonito a humilhar os outros?

A ser mau apenas porque sim. Porque se acha melhor

E é exactamente isso que me revolta.

Quando ainda se questionam que mal me fizeram a mim

A mim?

Nenhum

Fazem todos os dias mal a cada um dos outros.

E quando se olham ao espelho, só conseguem ver refletida uma enorme mentira.

A mentira da beleza ilusória.

E posto isto:

Como eu gosto de pessoas feias.

Feias mas genuinamente belas.

a memória e os afectos



Hoje dei por mim a divagar sobre o que é isto da memória

A memória dos afectos

Dei por mim a imaginar que faria se pudesse optar por apagar fragmentos de tempo em que o sofrimento foi avassalador

E que sempre que os recordo, o sofrimento volta, como se não houvesse passado.

Só presente repetido

Como quando relemos um livro e a meio sabemos exactamente como vai terminar.

Se pudesse rasgar essas folhas do livro da minha vida, para que mais ninguém as pudesse ler ou descobrir amarrotadas por ai.

Afinal não é a memória uma bobina?

E porque a passamos para trás?

Quero acreditar que é uma espécie de lembrete.

Como uma daquelas notas que colocamos no frigorífico para não esquecer de comprar legumes no dia a seguir.

Para nos lembrar que há coisas que doem, que nos magoam, e que não devemos lá voltar.

Devemos lembrar que existem, mas que aprendemos com elas.

A vida tem-me ensinado cada dia a ser melhor

Este countdown já não me assusta mais

Não tenho medo nenhum de morrer

Tenho pena

Porque gosto de viver. E porque farei sofrer quem ainda cá ficar e gosta um bocadinho de mim

Tenho pena de um dia não ler mais a história dos meus filhos.

De não acabar milhentos projectos que terei em mãos, seguramente.

Nas minhas memórias, hoje partilho convosco o que fazia a minha avó antes de me deixar

Fazia uma colcha de remendos de estrelas.

E à medida que a constelação se ia formando, ela ia preparando o seu lugar no céu

Essa é a memória que vou buscar.

Que me conforta.

As más?

Escolho aprender com elas.

A ser eu mesma melhor.

Comigo e com os outros.

Noite serena

Que na vida não há só trabalho

Também há amor

E por isso, aqui venho escrever-vos

as palavras e as ações



Não bastam palavras bonitas pois não?

Nem muitos likes nas redes sociais

Somos bem mais que isso

Somos ações

Somos aquilo que fazemos

Bom bom...é fazer aquilo que tanto prometemos

Bom bom é ser honestos

Se o somos connosco, seremos certamente com os outros

Por vezes sou um bocado bruta convosco

Não tenho filtros sociais

Não gosto de engraxar ninguém

É lixado

Mas é assim que sou

Sorry

até sempre ou até breve




Dia 13 de Maio

Dia de Nossa Senhora de Fátima

Ao almoço Portugal entrou em estado de luto pela morte de uma artista de 57 anos.

Porque os artistas têm uma varinha de condão que chega a nós

A nós público

Porque quem dá várias vidas a fazer sonhar a vida dos outros tem esse dom

Mas pelo que parece consenso, morreu acima de tudo uma pessoa de Sol

Uma pessoa boa

E quando morre uma pessoa boa, nova e talentosa, a morte que já é si é tão triste, pesa ainda mais em cada um de nós.

Lembra a nossa efemeridade

Que seremos pó, cinza e nada

Hoje estive numa reunião da minha ordem e senti saudades das reuniões presenciais

Porque nelas estava com o meu amigo João

As reuniões podem voltar

Ele já não volta.

Senti saudades como sinto todos os dias do meu pai

Da minha querida avó

Da minha amiga Teresinha

Senti saudades de todos os que amo e já não estão deste lado.

A vida é breve.

E quem é bom vai deixar sempre saudades

Dia triste

campeões


Ontem com a emoção do momento não fui bem clara no que escrevi.

Ou fui omissa, se assim o preferirem.

Na verdade o meu pai não me ensinou Só a respeitar o clube da minha terra e o SCP....

Ensinou-me a respeitar todo o ser humano.

Independentemente da sua cor clubista, da sua ideologia política, etnia ou religião.

Talvez por isso, nestes 19 anos, apesar de não feliz por não ver o meu clube vencedor, tive sempre a capacidade de dar os parabéns aos meus amigos de outras cores....

Na vida, assim como nos jogos, umas vezes se ganha, tantas mais se perde.

Acreditem que é nas vezes que fui perdendo que mais valorizei as poucas em que sai vitoriosa.

Continuo a achar que a vida já é feia demais.

Não precisa de ódios nem azias.

Precisamos de Amor....

Um dia....será game over

E será tarde demais para perceber o tempo que se perde com guerras quando podemos fazer a paz

Façam mais Amor

os meus campeões



O meu pai ainda jogou no Sporting da Covilhã

(é o que tem a bola na mão)

Ensinou-me a respeitar o Sporting da minha terra e o de Portugal

hoje estaria muito feliz

aos desistentes

Hoje é o único dia da semana onde perco um bocadinho do meu tempo a ganhar ensinamentos com algumas das vossas publicações.

Sempre encarei tudo o que se passava à minha volta como um guião.

Que vou tentando entender.

Calhou hoje ler a publicação de um amigo meu.

Dizia algo como: " A vida ensinou me que devemos procurar o amor. Alguém que nos completa. Que nos deseja tal e qual como somos. Aos 45 anos encontrei essa pessoa. Feliz a minha vida"

Dei por mim a pensar porque tinha que ler isto hoje.

O guião estava ali.

Fico muito feliz pelo meu amigo.

Penso que tem razão.

Que a maioria de nós procura o amor, nem que essa procura leve o tempo de uma vida e não chegue.

É a travessia

As tentativas falhadas

O sofrimento

E a nova esperança

Também há quem não procure nada

Que se acomode e só já queira sobreviver

Estes últimos são os desistentes

As sombras que vagueiam sem um objectivo

É para estes últimos que hoje escrevo

Não desistam

De vocês próprios

Eu ainda não desisti

a felicidade e a sobrevivência

Com 83 anos, será provável que o "The Father" seja o seu derradeiro filme.

Olha para o espelho, com a coragem de saber que o fim está próximo.

A realidade e a ficção começam a ser simbiose perfeita.

Bom fim de semana

Há que rir da vida

Porque sei que ela se ri de nós a todo o instante

E permanecer vivo ambicionando ser feliz começa a ser um acto de loucura da minha parte

botão da indiferença

Deve existir um botão em nós que nos permite desligar dos problemas.

Das responsabilidades.

Problemas e responsabilidades nossas e dos outros.

A mim calhou me ser Eu.

Chego a sentir dor quando alguém me fala das suas dores

Sofrer com o sofrimento do outro

E nem tem de ser meu amigo

Tem de ser gente

Juro que adorava, de quando em vez, só por uns dias, umas horas, desligar esse botão.

O botão do alerta.

Do pânico

Da dor

E ligar o botão da indiferença

Tanta gente o consegue

Porque não eu?

mãe


Há 20 anos a esta data, que nasceu a mãe Cristina Isabel.

Medo de não estar à altura

Medo que mantenho até hoje.

Sei que existe um homem que me vai amar para sempre.

Esse homem é meu filho

E uma miscara artista que me deixa doida.

Feliz dia da mãe.

Para todas as mulheres que cuidam e amam incondicionalmente

Nelas incluo as minhas amigas, que não sendo mães, o são.

 

Tantos vezes que acordei a meio da noite com medo que o meu bebé não estivesse bem. Tantas idas ao hospital.

Tantos sustos quando teve que ser operado já por duas vezes de urgência.

A sensação de estar à espera que um filho saia de um bloco operatório é avassaladora.

Os segundos parecem séculos de tempo

A angústia de não poder sofrer por ele

Passados 20 anos, vejo nos olhos do meu filho um amor que não se explica

Que é único

A forma como me olha sem dizer nada

Como me pega na mão e se preocupa porque estou a envelhecer

Já lhe expliquei que sou imortal

As mães têm também esse super poder


carácter e consciência

 Durante muitos anos omiti o que sentia de pessoas sem carácter

Agora sei que não há nada neste mundo que me obrigue a conviver com elas

Hoje não me calo a nada nem a ninguém

Faço como os malucos (o que não é difícil para mim) e dentro do razoável digo a todos exactamente o que penso deles,

Com alguns eufemismos e ironias para não ferir os mais susceptíveis.

Até porque no fim do dia...o silêncio da minha consciência tranquila é música......

Música como uma catarse

Sejam felizes

Só cá andamos uma vez

Se bem que nas estatísticas de quando em vez voltamos