O Professor Hélder ia casar no meu ano de caloira.
Sorria com aquele sorriso parvo de quem está apaixonado.
E era um professor fantástico.
Tão fantástico que me permitiu tirar uma nota excelente na minha primeira
frequência.
Aqui a caloira ficou tão confiante com aquela nota, que começou a desfrutar
da vida académica e a descurar aquela cadeira.
Afinal era uma questão de média aritmética.
Aquilo estava feito.
Segunda frequência
Chumbou me
Chamou me ao gabinete.
Olhou me nos olhos:
"menina Cristina, confiou na virgem.... Agora corra. Quero que vá a
exame."
Fiquei lixada com ele na altura.
Não percebi
Só mais tarde
Assim que fiz o exame, ele sorriu
Pegou nele e foi para a secretaria dele, corrigir na hora.
No dia a seguir, volta a chamar me ao gabinete
Orgulhoso mostra me o exame e diz :
" ficaria contente de passar com 10 valores?
Eu sabia que não.
Não lhe sabe melhor este 15?"
Ali percebi a verdadeira lição.
A primeira
Dias depois encontro o no café perto da Sé da Guarda
Foi a última vez que falei com ele
Não o sabia
Ele sim
Naquela noite decidiu terminar a sua vida
E a última lição do professor Hélder foi uma pergunta de retórica que
guardo até hoje
"Cristina, sabe qual é a probabilidade de lhe sair o euro milhões? Há
imensas conjugações não é? É difícil. Muito difícil. Por isso se diz que é uma
sorte....
Assim é com o amor"