estimação

 

Sempre gostei de animais

Desde que me lembro de ser gente que vivia rodeada de gatos e cães, que habitavam a rua da minha avó.

Um dia deveria eu ter uns 9 anos, uma gatinha de rua teve uma ninhada.

Eu vi pela primeira vez o milagre do nascimento.

Sim que a gata apesar de ser de rua, foi nesta miúda que confiou para assistir ao parto.

E fiquei tão feliz, mas tão feliz, que quando o meu pai chegou a casa, só conseguia falar dos gatinhos.

Queria dividir a minha alegria com ele.

Mas o mundo dos adultos não se compadece com o dia-a-dia de uma criança e o meu pai falou-me muito mal.

Disse que parecia gostar mais de animais do que de pessoas.

Que estava farto de me ouvir falar de coisas que não tinham importância.

Magoou-me tanto

A minha felicidade desvaneceu por completo e fui para o meu quarto chorar sozinha.

Não lhe disse nada

Mas desde esse dia não voltei a partilhar com ele, "coisas sem importância"

E ele sentiu que eu tinha mudado.

Mas não me disse nada

Quando fiz dez anos, tinha uma caixa no chão

Não fazia ideia do que seria aquilo.....

O meu pai tinha encontrado uma cadela bebé para mim

A minha Filó que me acompanhou durante o tempo em que foi viva

Isto para vos dizer, que por vezes nos magoamos no nosso dia-a-dia

Em regra só nos magoam as pessoas que amamos

Naquele dia perdoei-lhe a tristeza de meses

E ele sabia disso

Não precisávamos falar no assunto

No final da vida do meu pai, foi ele que encontrou um gatinho de rua.

Um dia fui lá a casa, e ele já cheio de dores, tratava aquele gato com um amor inexplicável

Nunca me irei esquecer.

Retomei aos meus 9 anos

O meu pai estava lá...

E brincava comigo