meu amor

 

Escrevi milhentas vezes “meu amor”, e nessas milhentas vezes, permiti que perfilhasses o amor meu, como algo que te pertencesse em exclusivo.

Soa estranho, aqui e agora, nesta milhenta e uma vez, escrever “meu amor” e apenas soar um eco de vazio, como quem procura no nevoeiro um raio de sol.

A chuva trouxe de volta o cheiro de memórias, que tinha deixado a secar na varanda dos meus pensamentos.

Voltou a traze-las, com um cheiro de mágoa e dor, que tal como a chuva que abre a terra seca e a penetra, assim ele é intenso dentro de mim ainda.

Tentei eternizar os momentos bons.

Aqueles em que ano após ano, dizias que estarias sempre para mim.

Que tinha que ser forte.

Que era o teu fim da linha.

Fui forte.

Estou aqui.

Foste tu quem foi embora.

E a chuva insiste em cair lá fora.

Lembrando em mim, o que quero esquecer de ti.

Hoje, “meu amor” é apenas um verbo que nada tem de teu.

Um verbo, que conjuguei, no tempo em que acreditei em quimeras e unicórnios.

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