estrelas

 


Hoje teria sido o dia certo para me ter despedido de ti.

Olhei-te nesses olhos imensos, meigos, doces e não consegui pronunciar uma única palavra como que se alguém me prendesse os movimentos e me toldasse as ideias.

Nem uma palavra saiu. E olhava-te nesses olhos imensos.

E tanto que eu tinha para te dizer meu amor. Tanto.

Ter-te-ia dito que trocava a minha realidade por um sonho se nesse tu estivesses mas que nem essa possibilidade me é proposta.

Escolhas vedadas. Todas. E eu insisti até hoje apenas porque te amo mais que tudo.

Cheguei ao limite do racionalmente tolerável e hoje ter-te-ia dito que és o amor da minha vida, que não sei viver sem ti e por isso me vou embora.

Tornou-se insuportável o vazio de um coração a transbordar de amor.

Perdoa-me.

Mas também sabes que eu não gosto de despedidas, logo esta minha cobardia é justificável por este meu jeito de ser.

Guarda-me contigo amor. Eu existi na tua vida. Não apagues isso. Guarda-me junto aos teus papéis desarrumados. Escreve o meu nome num envelope e arquiva-me.

Um dia ao limpares as tuas coisas se encontrares o envelope sorri. Fá-lo por mim. Eu sentirei o teu sorriso como um raio de sol a entrar por mim a dentro.

Hoje, já não sei como vai ser o amanhã.

Deixou de ser importante sem ti.

Até já meu amor.

Encontrar-nos-emos naquele sitio onde se contemplam as estrelas.

Como alguém escreveu um dia:

"As estrelas são os olhos de quem morreu de amor" e eu morri algures no tempo.

Por ti.

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