guardo em mim

 

Engraçado como guardo ainda tanto de ti.

Meu amor. Soa estranho ainda escrever este “meu amor”, mas nunca o deixaste de ser.

Intuía que o tempo desbotasse um pouco as cores da memória, como faz a água com a roupa de cor, após lavagens sucessivas.

Pensei que o tempo desgastava sorrisos e fragmentos de felicidade que tivemos.

Mentira.

Hoje mudei de perfume. Ninguém deu por nada. Pensei então em ti, como faço por tudo, ou por nada.

Lembrei-me de pequenas coisas que me surpreendiam em ti. Como só tu notares essas pequenas nuances.

Frisson de alma.

Como quando me cantavas ao ouvido “My China Girl” . Como quando cantavas para mim.

A minha parte sonhadora ainda me diz que existes assim.

Como só eu te via.

Atento no meio dos teus sensatos momentos de lucidez, aparentemente desatentos a pormenores como os sentimentos.

Os nossos sentimentos.

A nossa história.

Mas há partes de nós que devem permanecer na sombra amor.

Que incomodam. Que nos ferem mais que espadas afiadas.

Guardo em ti, todo o amor. Todo.

Com a certeza que é imenso e infinito como o universo.

Só não mais te direi que te amo.

Não mais te direi que eras a melhor parte de mim.

A parte boa.

Deixou de fazer sentido. Mesmo que com sentido o pense, sem o dizer.

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