Quando começou a ser uma menina mulher, jurava de pés juntos que nunca ia casar.
Ela não era mulher de gaiola.
Era livre.
Um pouco louca.
Aquelas pequenas coisas da vida.
Um dia de sol, uma música que a lembraria de um antigo amor.
Sorria.
Toda a gente a via sempre com um sorriso.
Animava todos em todo o lado onde ia.
Com vinte e poucos anos, decidiu quebrar a promessa.
Achava que casar seria um conto de fadas daqueles com final feliz.
Onde havia um palácio, um príncipe e muitos principezinhos que brincavam felizes nos jardins do éden.
Passou os seus vintes anos numa ilusão.
Nasceram os principezinhos e a vida dela mudou o foco para a felicidade deles.
Deixou de ver que não existiam principes nem palácios.
Entre fraldas, roupa religiosamente passada e a confeção de comida diária em que ninguém reparava...ninguém elogiava, ela era tão infeliz.
Percebeu que vivia numa masmorra e só havia dragões
Estava presa.
Esteve...tantos e tantos anos
Talvez, os outros a vissem como uma tótó.
Acho que sim.
E um dia, ela lembrou-se da menina mulher que nunca foi mulher de gaiola e abriu a porta.
Está a aprender a voar
Esqueceu-se das suas enormes asas, que lhe iam encurvando as costas, de tanto as reprimir
Alguém lhe soprou ao ouvido que estaria destinada a ser feliz
Um dia...
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