A Isabel....
Descobriu que tinha a doença dos
pezinhos, já com dois filhos.
E começou gradualmente a regredir nas
suas capacidades motoras
Era de partir literalmente o coração de
quem a via e presenciava a sua luta diária....
Para andar, para levar os filhos à
catequese, para viver
Pouco antes de morrer, perguntou-me se
ia beber com ela um chá ao Centro Cívico.
Naquele compasso de espera que mediava
entre a catequese e a eucaristia
No dia a seguir era domingo e foi ela
que me ensinou o conceito de domingar
Explicou-me já com o seu pacemaker no
coração, que enquanto esperava que alguém a chamasse para um transplante, ela
só esperava durante a semana que chegasse o domingo
E no domingo, se dava ao luxo de
domingar
De aproveitar a companhia dos filhos
Do amor
De se sentar no sofá sem pensar na roupa
que tinha para passar ou no pó que insistia em renascer
Tenho saudades tuas Isabel.
Hoje quero e devo domingar
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