Hoje, porque no guião da
minha vida estaria escrito que iria percorrer as ruas da minha cidade....
Como as percorri milhentas
vezes nestas 4 décadas....
Com a memória de quem se
lembra de cheiros, de gente que ficou na história da gente, de cenários que
mudaram de aspecto....
E no entanto, sempre que o
guião me oferece a catarse de estar sozinha no meio da minha gente, percebo
como a Covilhã está dentro de mim
Cada lugar. Cada ruela. Cada
pedaço de presente que se confunde com o meu passado e me enche de saudades de
quem partiu antes de mim
Hoje voltei à minha
escola....confinada, como tudo à sua volta
E no meio das memórias passo
por um daqueles becos onde parece que o sol tarda a nascer
Onde a roupa se estende na
rua, e quase que bate no chão por onde passa gente, com eu
E num quadradinho minúsculo
que alguém chamou de janela estava uma senhora de idade
Digo de idade, pelas rugas e
pela neve do seu cabelo
E entre o estendal e as
molas, olhava para o mundo confinado por onde eu passava
Estranhos que passam de
quando em vez
Mascarados
E no meio dos meus tormentos
diários, o meu olhar ficou ali preso
A divagar sobre quem seria
aquela senhora
Qual a sua história
No mundo da Cristina Isabel,
perceber o guião ainda é um desafio diário
E a vida de cada um de nós,
um livro por abrir com páginas ainda por escrever
Na roda viva dos meus dias,
tive vontade de parar.
Como parece que o tempo
parou naquele quadrado de vidro.
Vontade de ter
tempo.....para do lado de cá da janela dizer que ninguém está sozinho.
A cidade hoje parece
deserta......
Mas se olharmos bem......em
cada quadradinho há vidas
Talvez na esperança que
alguém repare nelas
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