meu camarada, meu velho, meu pai

Colado ao palacete jardim mesmo em frente à fonte das 3 bicas, na minha cidade, existia um café.
O café (que ainda em resquício do dia da liberdade), onde tomei pela primeira vez o meu primeiro café com o meu camarada, o meu velho, o meu pai.
Pode parecer uma tolice, um gesto sem importância, mas com os meus 15 anos o meu pai estava a permitir-me entrar no mundo dos adultos.
De uma forma gradual e subtil
Um café.
E eu fiquei tão feliz naquele dia, que me lembro de tudo como se tivesse sido hoje,
E hoje, passei lá.
Naquele espaço fisico.
E o café foi demolido.
E mais uma vez pode ser tolice, mas senti que me amputaram parte da minha história,
Vim com calma a pensar no assunto.
A cidade vai mudando a sua história, mas ninguém pode apagar as minhas memórias.
Seja o que for que ali vá nascer, aquele será sempre o meu primeiro café.
Desejei também que não destruissem um dia a casa da minha avó.
Sei que se o fizerem, eu já cá não estarei, e já não terá importância.
As pedras da calçada contam histórias,
E hoje, estou particularmente triste.
Mas passa.
Ninguém destroi as nossas memórias

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