o medo, o escudo e o sorriso

Noutra vida, conheci um menino muito especial.
A sua sensibilidade, levada a um extremo quase que rídiculo, fazia-o infeliz.
Porque quando verbalizava o que sentia, como via o mundo em tons rosa, quando achava que todos eram seus amigos, porque na verdade, ele era amigo mesmo de quem nem conhecia, riam dele.
Riam dele e não com ele.
E isso a cada dia o tornava mais infeliz.
Dentro do seu mundo da fantasia, onde ninguém o podia magoar mais, encontrou então uma solução perfeita.
Percebeu que ele não conseguia mudar a sua personalidade e que seria incapaz de se diluir no mundo em que vivia
Na sociedade que lhe era imposta.
Tatuou então no rosto um enorme sorriso e inventou uma magia: lágrimas invisíveis.
Desde esse dia, o baluarte estava solidificado.
Ninguém mais o magoaria, porque só viam um enorme sorriso
E sempre que chorava, as lagrimas eram imperceptíveis ao olhar comum
E foi perfeito
Ou seria
Não fosse a tristeza profunda que se foi instalando naquele sitio onde ninguém chegava
Quando deixou de ser humanamente impossivel reprimir a dor, a magia das lagrimas desvaneceu.
E aconteceu o inevitável.
Aquelas lágrimas eram tão fortes que apagaram a tatuagem do seu rosto.
E pela primeira vez o essencial passou a ser visivel aos olhos dos outros.
Que aconteceu depois?
Alguém lhe peguntou se estava bem.
E depois outro. E mais outro.
Ele nunca esteve sozinho na verdade.
Só tinha medo.
Acho que, com o tempo, conseguiu ter sorrisos dele, verdadeiros.
Quero acreditar que teve um final feliz.
Porque não temos que ser perfeitos.
Se formos verdadeiros, o tempo vai ensinar-nos onde pertencemos.

1 comentário:

  1. Olha para fora como princesinha, e a janela é espelho, e é a rainha que se vê – e descobre-se fénix. Não noutra vida: pela imaginação inventa-se outra vida, pelo sonho renasce-se noutro mundo.
    Que voe alto a fénix renascida! Com muitos sorrisos verdadeiros. 😘

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