despedida(s)


Resolvi escrever uma cena. Pelo dia de ontem e porque me apeteceu. Partilho-a com os meus amigos. Bom domingo.

Todos os dias me despeço de ti

Como se não existisse mais nascer do sol

Nem mais anoitecer.

Como se houvesse chegado ao fim da linha da nossa história.

Ou mesmo de uma das nossas vidas.

Nem sei porque o faço.

Digo-te sempre adeus

Como nunca o faço a mais ninguém.

Há muito que és a excepção das minhas regras

Por mim impostas.

Para todos um até já.

Para ti um adeus constante e diário.

Fui dentro de mim procurar a resposta

Onde se guardam os sentimentos mais fechados

Mais secretos.

Vasculhei tudo como quem assalta algo.

Devassei a minha intimidade e encontrei algo escrito no coração:

Amor, Irreversível, Incondicional, Perda, Sofrimento.

Juntei as peças e percebi.

Percebi a importância do adeus como quem valoriza a efemeridade da vida

De tudo o que nos faz felizes e não passa de momentos.

Viver num limbo e cada dia ser uma vitória nossa.

O efémero ao teu lado ganha asas e o adeus eterniza

Num: "nunca me irei embora meu amor."

Já não consigo.

Que seja um adeus diário até ao fim da linha.

Amo-te.

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